Ocorrências: O dia de trabalho em Campos Sales foi espetacular,
pois fomos direto para o Sítio Angico registrar imagens de um grupo de cerca de
30 crianças de uma banda de pífanos, formada através de projeto do Programa
Banco do Nordeste de Cultura.
Meninos e meninas de idades variadas entre quatro e 12
anos, carentes, duma comunidade na zona rural, distante a 14km da sede do
município de Campos Sales e castigada pela seca e pelo esquecimento do poder
público. Mas a Associação Comunitária do Guarani deu uma nova visão para estas
crianças através de oficinas de música. Vê-las chegando à pé, no sol que
castiga o sertão, com pífanos nas mãos, algumas acompanhadas por suas mães, foi
um recado de que o dia seria emocionante e cheio de surpresas.Não tardou para nas primeiras imagens eu observar o colega Alécio de olhos marejados a falar: - É muito emocionante isso aqui! Realmente era, vê-los tocar e cantar músicas de Luiz Gonzaga em plena paisagem árida que ao tempo que castiga traz belezas, encantos e a força desses pequeninos. Pequeninos esses, por sinal, lindos: negros, indígenas, de olhos claros, sorrisos largos.
À tarde, mais emoção já na sede da Associação do Guarani. Uma carroça com dezenas de livros leva às crianças da comunidade o acesso à leitura. Outras dezenas de crianças participam de aulas de violão, flautas, sanfonas, sax e trompetes, formando grupos de choro, orquestras de flautas, sopros e pífanos. Tudo com apoio de diversas instituições que acreditam no potencial daquela gente. Depoimentos de adolescentes – acolhidos há cinco, dez anos pela associação – fizeram-me ter um aperto no coração e sentir uma vontade de chorar de alegria. Mais a frente a coordenadora “embargando” a voz quando questionamos qual o sentimento de realizar esses projetos sócio-culturais.
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